Para que novo tormento eu poupei minha vida!
Tudo que eu sofri, os temores, loucuras,
Transportes de paixão, o abismo dos remorsos,
A injúria insuportável da rejeição cruel,
Era só um prenúncio do tormento atual;
...
E eu, triste refugo de toda a natureza,
Ah, eu fugia da luz, me ocultava do dia.
A morte era o único deus que eu ousava invocar,
Esperando o momento de desaparecer.
Nutrindo-me de fel, bebendo as próprias lágrimas,
E com minha infelicidade sempre vigiada,
Não podia sequer me desafogar no pranto.
Saboreava a medo esse prazer funesto
Disfarçando minhas mágoas numa expressão serena.
E muitas vezes minha dor tinha que se privar das lágrimas."
("Fedra" / Racine)
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